Sobre vírgulas e ponto final

Andre Azevedo da Fonseca
2 min readOct 15, 2021
Mário Palmério

Aprendi a diversificar minha pontuação lendo o escritor mineiro Mário Palmério. Até então, eu utilizava apenas a vírgula e o ponto final. Parecia suficiente. Depois descobri a forma adequada de utilizar os dois pontos: vejam só, serve para explicar uma ideia! ;)

Aprendi também a empregar corretamente o travessão — uma transição suave para uma ideia complementar. (Observem como o travessão deixa o texto mais fluído, ao contrário dos parêntesis, que interrompem o fluxo.)

E o ponto e vírgula, então? Sempre tive dúvidas.

Mas Palmério me ensinou a pensar o texto como uma equação matemática.

Em primeiro lugar você introduz uma ideia, concatena com outra e vai encadeando os conceitos de forma lógica; se achar que o argumento precisa ser articulado em um grupo maior, coloque ponto e vírgula.

Mas claro: as regras da escrita, ao contrário da equação matemática, são subjetivas.

Há efeitos retóricos interessantes nas pausas dramáticas criadas pelo ponto final.

O texto fica fica forte. Sólido. Direto. Convincente.

Ao contrário dos três pontos, que deixa tudo ambíguo…

O domínio de recursos diversificados de pontuação é uma habilidade necessária para a expressão das ideias.

Reconheço que a subversão das regras nas redes sociais também tem o seu charme. Mais do que isso: são estratégias inteligentes da economia da linguagem. Ora, todos compreendem imediatamente.

Mas meu ponto é reforçar a necessidade de se educar nas mais diversas variações da linguagem: do meme à norma culta — ou, como diria Marcos Bagno, à norma oculta.

Até porque, para desconstruir a linguagem do poder, é preciso dominá-la.

Caso contrário, nada acontece feijoada.

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Andre Azevedo da Fonseca

Professor e pesquisador no Centro de Educação Comunicação e Artes (CECA) da Universidade Estadual de Londrina (UEL).