Sobre vírgulas e ponto final
Aprendi a diversificar minha pontuação lendo o escritor mineiro Mário Palmério. Até então, eu utilizava apenas a vírgula e o ponto final. Parecia suficiente. Depois descobri a forma adequada de utilizar os dois pontos: vejam só, serve para explicar uma ideia! ;)
Aprendi também a empregar corretamente o travessão — uma transição suave para uma ideia complementar. (Observem como o travessão deixa o texto mais fluído, ao contrário dos parêntesis, que interrompem o fluxo.)
E o ponto e vírgula, então? Sempre tive dúvidas.
Mas Palmério me ensinou a pensar o texto como uma equação matemática.
Em primeiro lugar você introduz uma ideia, concatena com outra e vai encadeando os conceitos de forma lógica; se achar que o argumento precisa ser articulado em um grupo maior, coloque ponto e vírgula.
Mas claro: as regras da escrita, ao contrário da equação matemática, são subjetivas.
Há efeitos retóricos interessantes nas pausas dramáticas criadas pelo ponto final.
O texto fica fica forte. Sólido. Direto. Convincente.
Ao contrário dos três pontos, que deixa tudo ambíguo…
O domínio de recursos diversificados de pontuação é uma habilidade necessária para a expressão das ideias.
Reconheço que a subversão das regras nas redes sociais também tem o seu charme. Mais do que isso: são estratégias inteligentes da economia da linguagem. Ora, todos compreendem imediatamente.
Mas meu ponto é reforçar a necessidade de se educar nas mais diversas variações da linguagem: do meme à norma culta — ou, como diria Marcos Bagno, à norma oculta.
Até porque, para desconstruir a linguagem do poder, é preciso dominá-la.
Caso contrário, nada acontece feijoada.
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